Como a literatura de cordel mantém viva a cultura popular brasileira

A literatura de cordel, com sua linguagem singela e rimas que ecoam as vozes do povo, representa um patrimônio cultural de valor inestimável no Brasil. Ela surge como um elo poético entre ado e presente, atravessando gerações com histórias de amor, bravura, religiosidade e crítica social. Cada folheto, impresso em papel barato e pendurado em cordões para venda, carrega não apenas versos, mas também a alma de um povo que, com humor e sabedoria, expressa suas alegrias, dores e esperanças.

Origem e evolução do cordel

A origem da literatura de cordel remonta às feiras nordestinas do final do século XIX e início do século XX, mas suas raízes são ainda mais profundas, vindas das tradições ibéricas. Esses folhetos de poesia popular ganharam força nas mãos dos poetas repentistas que cantavam histórias de cangaceiros, vaqueiros e santos milagreiros. De início, eram apenas cópias manuscritas; com o tempo, surgiram as xilogravuras, ilustrações que deram aos cordéis uma identidade visual marcante.

Temas que refletem a vida do povo

O cordel sempre foi mais do que simples versos. Ele funciona como um retrato social e político do Brasil, abordando temas do cotidiano, como disputas de terra, aventuras amorosas e desastres naturais. Mas também se abre para o fantástico, com contos de encantamento e mitos regionais. Essa versatilidade faz do cordel um gênero literário único, que sabe brincar com as palavras para emocionar e, ao mesmo tempo, provocar reflexão.

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Cordelistas: guardiões da tradição

Os poetas de cordel, ou cordelistas, são verdadeiros cronistas populares. Eles dominam a métrica e a rima, mas também possuem um ouvido atento ao que se a ao redor. De improviso ou de forma escrita, eles registram as lutas do povo, exaltam a força do sertanejo e mantêm viva a chama dessa arte. Nomes como Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde e, mais recentemente, Rouxinol do Rinaré e Klévisson Viana, são exemplos de quem mantém a toada viva.

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O cordel no mundo digital

Com a chegada da internet, a literatura de cordel ganhou novos palcos. Poetas e leitores se encontram em blogs, redes sociais e e-books. Essa adaptação ao meio digital prova a capacidade de reinvenção do cordel, que, mesmo com mais de um século de história, continua atual e relevante. A voz do cordel, que antes ecoava nas feiras, hoje ressoa em podcasts e vídeos, conquistando novos públicos e garantindo que as tradições não sejam esquecidas.

A literatura de cordel, com seu ritmo marcado, suas rimas e ilustrações, permanece como um farol cultural que ilumina a identidade nordestina e brasileira. Mais do que versos rimados, ela é a expressão genuína de um povo que encontra na poesia um modo de resistir e existir. Ao celebrarmos o cordel, preservamos não só uma arte popular, mas também a força de uma cultura que se recusa a ser esquecida.

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